“Não foi Ennis quem foi ruim, foi Choukhadzhian quem foi muito bom.” Entrevista exclusiva com Vyacheslav Senchenko

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No dia 8 de janeiro, aconteceu uma noite de boxe em Washington (EUA), durante a qual o americano Jaron Ennis (30-0, 27 KOs) derrotou a ucraniana Karen Chukhadzhyan (21-2, 11 KOs) e se tornou o detentor do título de Campeão mundial “interino” do IBF no meio-médio (até 66,7 kg).

No entanto, a luta não saiu como a maioria absoluta dos especialistas e fãs previam. Ennis não conseguiu estender sua impressionante seqüência de 20 vitórias consecutivas e venceu Choukhadjian “apenas” por pontos. Além disso, em 36 minutos de luta, Jaron, apesar do poder de ataque patenteado, não conseguiu abalar completamente o azarão.

Logo após a luta, conversamos com o técnico do boxeador ucraniano, ex-campeão mundial na mesma categoria, Vyacheslav Senchenko, para saber sua opinião sobre a última luta e a visão de futuro de Karen.

Relatório do vRINGe: Ennis-Chukhadjian: Ele não late, ele morde!


— Primeiramente, nossos parabéns pela estreia bem-sucedida nos Estados Unidos. Isso mesmo, tanto pela dificuldade da preparação para a luta quanto pelo fato de que a grande maioria das previsões se resumia ao fato de que Ennis registraria facilmente sua 20ª vitória consecutiva por nocaute no ativo, aliás, no primeiro tempo da lutar.

Mas ainda é uma opinião particular. E como você avalia o desempenho de Karen, dadas as circunstâncias e o histórico?

– A estreia não pode ser considerada um sucesso, pois nos propusemos a vencer esta luta. Portanto, podemos dizer que a estreia não é um sucesso!

Ao mesmo tempo, avalio a luta em si positivamente. Em primeiro lugar, Karen lidou psicologicamente, lutando boxe pela primeira vez nos EUA em uma arena lotada de 20.000 pessoas contra um dos perfuradores mais perigosos desse peso, além de percorrer toda a distância de 12 assaltos. Então, estou feliz com o desempenho de Karen, mas não estou feliz com o resultado. Porque, repito, íamos ganhar!

– Suas impressões gerais da batalha. O que funcionou e o que, talvez, você gostaria de resolver melhor?

– Acabou indo para os lados, acabou funcionando bem na defesa. E seria melhor malhar no ataque e ser mais ativo no contra-ataque.


  • Karen Chukhadzhyan comentou sobre a luta com Jaron Ennis

– Alguns dias antes de entrar no ringue, você nos contou sobre o plano para a luta. Se você se aprofundar um pouco mais nos detalhes, então, de acordo com ele, você e Karen iriam puxar o próprio Ennis e, em particular, seu braço de choque, e então “punir” Jaron por erros. Se a puxada foi boa, então os “castigos” muitas vezes davam a impressão de que Karen largava o americano onde podia acertar, acabando por se limitar apenas a uma manobra defensiva bem-sucedida. Qual é a razão – foi esta a instalação ou, talvez, uma certa “barreira psicológica” do próprio Chukhadzhyan desempenhou um papel?

– Claro, não houve instalação apenas para fazer proteção por proteção. Eu sempre digo aos meus lutadores que estamos defendendo para bater logo. Mas Ennis é um boxeador muito forte, e talvez psicologicamente isso tenha pesado muito para Karen. Por isso, não teve pressa em contra-atacar, pois Ennis, em resposta a um contra-ataque, conseguiu pegá-lo com seu soco. Portanto, Karen nem sempre acertava depois que Ennis errava. Mas esta é a minha opinião.

– As táticas de Chukhyadzhyan consumiam muita energia. Quão bem sua funcionalidade funcionou? E o fato de que na 12ª rodada ele começou a agir mais em rota de colisão – isso é uma evidência de cansaço ou um movimento tático deliberado?

– Sim, a Karen manobrou muito no ringue e fez bem, não houve problemas com a funcionalidade. Entendemos que estávamos perdendo por pontos, então no 12º round a Karen escalou a luta. Não porque estava cansado, mas porque queria escalar a luta e lutar.

– Podemos dizer que você esperava mais de Ennis? Ele confirmou suas promessas de que no futuro vai conquistar mais de uma divisão, de fato?

– Tanto antes quanto depois da luta, acho que o Ennis está no mesmo nível do Spence e do Crawford. Minha opinião é que o Ennis com certeza vai conquistar a divisão dos meio-médios. É que as pessoas não entendem e não sabem o nível da Karen: acredite, vai ser muito difícil para qualquer top com ele. E nessa luta, não Ennis foi ruim, mas Karen foi muito boa. E posso garantir que esse ainda não é o auge dele. Se houver condições normais e tempo de preparação, será ainda melhor.


  • Jaron Ennis: Tiro o chapéu para Choukhadjian

– Uma das principais tarefas para essa luta era me provar positivamente nos EUA. Teve sucesso? Qual foi a reação dos “bastidores”? Podemos esperar que a carreira de Karen na Meca do boxe não termine aí?

– Uma das principais tarefas era vencer, a segunda era dar uma luta competitiva ao melhor boxeador Ennis. Acho que fizemos uma boa luta de estreia com a liderança indiscutível da categoria. Acho que tanto na Ucrânia quanto nos Estados Unidos, ninguém esperava que Karen pudesse causar problemas a Ennis. Mas ele conseguiu, e sua carreira com certeza não vai acabar nessa luta. Pelo contrário, esperamos que haja muitas propostas e pessoas querendo lutar boxe com a Karen. Pelo menos para entender se eles podem competir com Ennis.

Fonte: https://vringe.com/news/161762-ne-ennis-plokh-chukhadzhyan-khorosh-intervyu-vyacheslava-senchenko.htm?rand=141343

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