Luke Rockhold tinha um ponto a provar no UFC 278.
O ex-campeão peso-médio do UFC pode não ter derrotado Paulo Costa, mas mesmo assim se aposentou de cabeça erguida, depois de um duelo tenaz de idas e vindas com o brasileiro. A performance encerrou uma semana de luta que viu Rockhold publicamente poupar o UFC em cada turno. Ele falou abertamente sobre a necessidade da organização de melhorar as condições de seus atletas em relação a assistência médica, pagamento de lutadores e muito mais, porque havia mais na mente de Rockhold do que simplesmente sair do cage com uma vitória.
“Eu estava aqui para lutar, cara. E as pessoas perdem a noção de quem eu sou, quem eu era e o que fiz”, disse Rockhold na quarta-feira. A hora do MMA. “Todo mundo estava me perguntando: ‘Se você não precisa disso e quer isso, o que vai te levantar nesses momentos?’ É foda – é foda dizer, por que você acha que eu estava tão bravo com Dana [White]? Porque Dana nunca me deu uma chance. Desde o momento em que entrei no UFC, ele nunca me deu a mínima chance. Me apagou, nunca destacou meus anos no Strikeforce ou qualquer coisa que eu fiz, todas as vitórias. Apenas minhas perdas. Dana White controla a narrativa do que o público percebe. E ele me fodeu desde o início, e levei 16, 17 anos para voltar e dar uma luta assim, para ganhar meu respeito. Nada do que fiz no passado importava até agora.
“É por isso que me sinto do jeito que me sinto às vezes. E é por isso que eu disse coisas que eu digo. Você tem que entender o poder que você tem nessa situação, com a narrativa que você cria – o público acredita no que eles querem acreditar e no que você diz para eles acreditarem.”
Rockhold ingressou no UFC em 2012 após a compra do Strikeforce e, finalmente, passou 10 anos com a promoção. Na época de sua transição, ele reinava como o rei dos médios do Strikeforce, tendo conquistado o título com uma virada sobre Ronaldo Souza e duas vezes defendido com vitórias sobre Keith Jardine e Tim Kennedy.
Mas a primeira luta de Rockhold no UFC foi infame – ele foi imediatamente jogado em um confronto contra Vitor Belfort no Brasil durante uma época em que Belfort estava abusando de uma brecha nos esportes de combate em relação à terapia de reposição de testosterona (TRT). E não acabou bem, pois Rockhold se juntou a Michael Bisping e Dan Henderson entre o trio de lutadores para sofrer nocautes brutais para Belfort nos eventos brasileiros do UFC durante um período duvidoso para o esporte.
“Todo mundo lá fora chamou a atenção, e eu parecia esse garoto”, disse Rockhold. “Não sei. Esse garoto que ninguém queria respeitar, eu acho, dele e assim por diante. E eles me fizeram descer para a porra do Steroidville na porra do Brasil e lutar com o Vitor. Todos os outros tinham respeito e estavam entrando em lutas e consideração pelo campeonato mundial. Eu Não tenho nada. Bicampeão do Strikeforce chegando lá e você não fez merda nenhuma, e eu tive que lutar com o Vitor quando eles sabiam o que estavam fazendo naquela época, protegendo-o e o filho da puta está pronto para as brânquias.
“Eu tive que ser limpo por ele e derrubado e menosprezado por todos, e depois me reerguer. Eu sou bom em me reconstruir. Foi isso que vim aqui tentar fazer.”
Rockhold finalmente se recuperou para conseguir cinco vitórias consecutivas a caminho do título do UFC sobre Chris Weidman em 2015, mas depois perdeu o título em uma derrota para Bisping no UFC 199. A partir desse ponto, ele competiu apenas quatro vezes na final. seis anos de carreira.
Rockhold atribuiu essa queda de fim de carreira a vários fatores, admitindo que por um tempo ele se perdeu no abuso de álcool e nas festas noturnas. Lesões repetidas também não ajudaram, mas talvez o maior fator que contribuiu para seu difícil capítulo final foi uma cirurgia na perna “errada” em 2018 que quase levou à amputação de sua perna.
“Acho que muitas coisas encurtaram minha carreira. Eu acho que a perna, a cirurgia de perna mal informada – acho que eles me fodem muito bem, o UFC”, disse Rockhold.
“Foi uma cirurgia equivocada e desnecessária e tirou anos da minha vida, tirou minha maior arma do jogo. Minha perna, estamos falando de enxertos musculares e merda. Tipo, foi a cirurgia mais fácil – poderia ter sido, o que deveria ser, e isso me atrasou tantos anos, me questionou e tudo mais. Há um monte de coisas diferentes que contribuíram para fatorar como era, mas é o que é e eu não mudaria. Aqui estamos.”
Mesmo apesar da forma como a carreira de Rockhold terminou, o lutador de 37 anos deixa o jogo de luta como um dos pesos médios mais condecorados de sua época – um campeão multi-time que detinha dois dos cinturões mais prestigiados disponíveis em 185 libras durante seus 15-15 anos. ano de carreira.
Até White ficou cantando seus elogios após sua luta de aposentadoria com Costa no UFC 278, com o presidente do UFC afirmando que não tinha “nada além de respeito” por Rockhold.
“Acho que tudo é muito público e sei que Dana me deu sua peça, e eu aprecio isso de Dana”, disse Rockhold. “Eu aprecio esse respeito depois de todos esses anos, e acho que [UFC executive] Caçador [Campbell] e todos os outros – eu precisava dessa luta. Eu precisava dessa luta para mim. Eu acho que o mundo precisava dessa luta, então aconteceu de ser do jeito que é. Estou feliz comigo mesmo. Provei para mim mesmo que ainda sou melhor do que o melhor deles, depois de todos esses anos e voltando a essa porcentagem de mim e ainda posso fazer o que fiz.
“Eu fiz isso. Eu fiz isso, e agora é como se tudo doesse mais do que costumava doer. Tudo machuca. Então é tipo, caramba, leva mais tempo e há outros mundos para conquistar, há mais coisas para fazer. E estou animado para seguir para a próxima jornada, o próximo passo.”
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